segunda-feira, 19 de abril de 2010

Fãn Fics

Nuvens VS Noobs

Por Mari May Kawaii (Mariana Julianelli)


Ah, observar nuvens... Pratico essa arte milenar desde... Desde que me entendo por gente.
O que tem de tão
interessante em passar o tempo vendo tais pedaços de algodão soprados pelo vento? A princípio, nada. Mas as pessoas vivem com tanta pressa que nem pensam nisso.
Sempre fui um cara preguiçoso. Se me dei ao trabalho de me mover para ir até determinado lugar, foi porque realmente quis. E lá fico até quando quiser.
Essa coisa de ninja complica muito a minha vida. É problemático demais. Toda hora tem missões, e lá vou eu, a contragosto. Ah, se eu soubesse que ser ninja era tão cansativo... Mas qualquer profissão seria cansativa, né? Ô saco...
Quando finalmente me dão um tempo, venho me refugiar no meu canto predileto praticar meu esporte favorito.
Ah, que inveja das nuvens... Elas são tão livres... Quando paro para observá-las, me sinto um verdadeiro Shikamaru. Fico quieto, olhando, com aquela sensação de paz... É uma calmaria tão grande que se apodera de mim...
Sabe o que é capaz de acabar com minha calma? Pessoas
noobs.
Gente
noob é simplesmente aquela gente sem-noção, inconveniente, irritante, que te perturba quando o que você mais quer é ficar quieto. É aquele tipo de gente que você olha e tem vontade de dar um tapa de tão chata que a pessoa é. E eu tenho um amigo assim, que atende pelo nome de Naruto Uzumaki.
Ô moleque escandaloso... Problemático até dizer chega... Enquanto Naruto é encrenqueiro, detesto me meter em confusão; sou quieto e relaxado, praticante da inércia sempre que possível, e Naruto é a agitação em pessoa; costumo ser mais racional, e ele, mais passional. Ô vida...
Mas o que tem a ver meu hobby com esse
noob?
É que eu descobri um lugar alto para ver as nuvens mais de perto. E não é que o Naruto me viu e subiu até aqui?
Com a chegada do Naruto, obrigatoriamente você se despede do sossego.
- E aí, Shikamaru? – ele diz, ou melhor, grita atrás de mim.
Continuo sentado na mesma posição e, sem me dar ao trabalho de virar para falar com ele, respondi:
- Fala, Naruto.
- Te vi aqui e trouxe uma coisinha pra você!
- Hein?!
De repente, uma grande sombra me cobre.
- Tcharaaaam! Um guarda-sol!
- Mas ainda é de manhã, e o sol nem tá forte... Que saco...
- Mas tu é um reclamão do cace...! UAU, QUE VISTA MANEIRA! – ele exclama.
Volto ao costumeiro tédio ao ficar com aquele cara excessivamente animado apontando cada lugar que dava para ver dali, dizendo onde já tinha ido ou não.
E eu que queria apenas ficar em silêncio vendo as nuvens...
Porém, devo admitir: Naruto é mais que um
noob. Ele tem espírito livre, assim como minhas adoradas companheiras alvas. Enquanto sou acomodado, Naruto está sempre treinando, se esforçando, dando o melhor de si nas missões. Simplesmente porque quer, e não porque exigem dele.
- Por que você tem essa mania de ver nuvem, hein? – ele indaga, dissipando meus devaneios.
Suspiro de tédio. Não queria ter que explicar, mas fiz esse esforço.
- Porque nuvens são legais. Olhar pra elas me dá uma sensação de liberdade, porque elas vão pra onde bem entendem e ninguém enche o saco dizendo o que devem ou não fazer.
- Hum...
O silêncio pairou no ar. Silêncio que, claro, logo foi quebrado pelo loiro.
- Mas não é o vento que faz a nuvem se mexer?
Fitei Naruto, chocado. Incrivelmente, ele estava certo.
Costumo resolver questões mais complexas, mas uma observação simples como a de Naruto é tão, mas tão óbvia, que me passa despercebida.
Nuvens não são livres: elas dependem do vento para se mexer. A ilusão de que elas são livres é porque estão lá, flutuando no céu... Mas não se movem por vontade própria.
Pensando bem, acho que não devo comparar Naruto às nuvens. É o vento que determina aonde as nuvens vão. Naruto é livre e espontâneo como o vento. E eu sou como a nuvem: mesmo sendo teoricamente livre, preciso de um empurrãozinho para me mexer. O vento é
noob, atrapalha minhas reais vontades. Às vezes, quero apenas ficar parado, e só me mover quando quiser. Mas sempre tem um vento para chegar e acabar com meus planos mais simples...
Ah, esses ventos da vida... Mas eles são necessários.
Confesso que, às vezes, queria ter a motivação do meu “amigo-vento-
noob”.
Ah, que inveja do Naruto... Ele é tão livre...

A Maior Missão

Por Tk (Arthur Puthin)

Era um dia normal, e eu havia recém acordado de uma noite muito bem dormida. Tomei café da manhã com calma, pois o treino da tarde seria puxado. Tsunade-sama já havia me informado que treinaríamos a minha precisão de chakra, o que me deixou preocupada... “será que ela vai querer lutar comigo de novo?” pensei, mas logo depois me animei. A idéia de ficar mais forte realmente era algo que me dava forças pra continuar. Foram 2 anos e meio de muita preparação, e eu me sentia cada vez mais preparada para minha maior missão.
Arrumei-me com pressa, mesmo sabendo que teria muito tempo, então resolvi dar uma volta pela vila, ver se encontrava alguém para conversar. Estavam todos ocupados... Shikamaru estava ajudando Temari com os preparativos para o Chuunin Shiken, Chouji estava ajudando Ino com o trabalho na loja dos Yamanaka, Hinata treinava com seu
pai enquanto seu time treinava com a Kurenai-sensei, e o Time Gai havia saído em missão. Procurei então pelo Kakashi-sensei, mas sem sucesso. Acho que ele estava deitado sob a sombra de alguma árvore, imerso no mundinho pervertido dos seus livros.
Visitei o hospital, na esperança de ser útil para alguma coisa, salvando assim o meu dia. Mas não havia nada pra fazer lá também.
As opções estavam escassas, e meu dia estava cada vez mais tedioso. Então, voltei pra casa, pensando se assistia a grama crescer ou ficava escutando o tic-tac do relógio da sala.
Chegando em casa, uma leve brisa passou pelo meu rosto. Droga, esqueci uma janela aberta. Fui direto para o quarto, e lá encontrei a causa do vento que atravessou minha casa. Fechei-a bem, e logo que virei para trás, me deparei com algumas fotos sob a minha estante. Nossa, que nostálgico... Fazia um bom tempo desde que tinha olhado para aquelas fotos pela última vez. Entre elas, uma me chamou a atenção, a primeira foto do recém-formado Time 7, também conhecido como Time Kakashi. Lembro do quanto me arrumei naquele dia, sabendo que iríamos tirar aquela foto. Os
meninos nem estavam preocupados, principalmente o Naruto, que foi treinar antes da foto e acabou aparecendo todo suado, e ainda ficou de birra porque o Sasuke ficou caçoando dele. Ah, o Sasuke-kun... ele ficou tão bonitinho com essa cara de mau... e o Kakashi-sensei, com seu “sorriso”, tentando disfarçar a situação... Foi, definitivamente, a melhor época de nossas vidas. Até hoje me pergunto por que o Sasuke-kun tinha que estragar tudo...
Aquele baka. Fazem quase 3 anos desde que ele fugiu pra treinar com o Orochimaru. Por mais egoísta e sem escrúpulos que a traição dele tenha sido, não consigo deixar de gostar dele. Mas ao mesmo tempo, não sei como reagiria se o encontrasse depois do que ele fez a mim, a vila e ao Naruto. Já pensei em mil coisas pra dizer pra ele, mas todas levam a uma mesma previsão de resposta: o silêncio. Por mais que o Sasuke-kun sofra ou sinta, ele jamais vai demonstrar isso. Principalmente a mim e ao Naruto. Ele não quer ser “fraco”. Mas... e o Naruto?
Às vezes eu vou a casa dele pra molhar as plantas e me deparo com essa mesma foto, logo na entrada, bem visível. Imagino que ele deva sofrer tanto ou mais do que eu... o Sasuke foi seu primeiro e melhor
amigo, e mesmo depois da surra que ele levou, acredito que o Naruto ainda iria perdoá-lo e tentar trazê-lo de volta, mesmo que isso contrariasse as regras da vila. Me pergunto se ele é um tolo, ou apenas alguém com um coração maior do que eu possa imaginar.
Ops, uma lágrima. Heh, quando isso acontece, significa que é hora de parar. Se eu ficar mergulhando muito no passado, vou sofrer mais ainda. E isso não vai trazê-los de volta... Eu preciso treinar, ficar forte. Preciso me preparar para a minha maior missão... Trazer o Sasuke-kun de volta com a ajuda do Naruto!
Já era hora de me encontrar com a Tsunade-sama. Peguei minhas coisas e fui até a Torre da Hokage, onde normalmente nos encontramos. Chegando lá, parei em frente a uma janela que dava para a vila e fiquei pensando nas mudanças que ocorreram enquanto os meus companheiros estavam fora. Não foi muita coisa... a maior delas foi mesmo o rosto da Tsunade-sama junto ao dos outros Hokages na montanha. Já sei até o que o Naruto dirá quando vir isso... “então eles adicionaram o rosto feio da Vovó Tsunade na montanha! Haha!”. É bem típico dele mesmo.
Foi então que a porta se abriu, e a Tsunade-sama entrou com um leve sorriso no rosto e disse... “Aquele moleque... Naruto... Parece que ele retornou para Konoha.”
FIM

A História de Um Hokage
Por Luiza Vilartta


Talvez Uzumaki Naruto fosse, para mim, como um semelhante. A criança que, no passado, possuía um comportamento temperamental e hiperativo, para que pudesse atrair a atenção de cada civil de nossa vila. Uma criança que necessitava de olhares críticos para compensar a carência de afeto que consumia seu coração, causada pelo falecimento prematuro de seus pais.
Eu achava a infância de Naruto excepcionalmente parecida com a minha, portanto tentei não apenas ser um bom sensei para ele, na época da Academia Ninja, que transmite conhecimentos, repreende e impõe limites, mas esforcei-me também para ser a figura paterna que ele nunca possuiu. Pois eu sabia a dor de sentir-se sozinho, desamparado, e não queria o mesmo para uma criança como Naruto.
Tomado por esse princípio, dediquei-me especialmente ao garoto para tentar amenizar uma fração de seu desalento. Levei-o ao Ichiraku demasiadas vezes, o acompanhei, o acalentei, o vi crescer defronte ao mundo, o fiz sorrir, o protegi. E com ele aprendi diversas coisas, suficientes para reformularem meu caráter e minhas opiniões.
Conforme o tempo decorria, eu testemunhava o crescimento de Naruto. De uma criança franzina, o garoto começou a dar os primeiros passos para tornar-se um verdadeiro ninja, tudo isso porque o Uzumaki, desde pequeno, traçou um objetivo em sua vida, e aceitou arcar com qualquer consequência para atingi-lo: Tornar-se Hokage e, assim, obter respeito da parte de todos os cidadãos da vila.
Com este objetivo em mente, Naruto caminhou para o mundo ninja. Sem temor, foi capaz de salvar-me de uma possível morte e, assim, graduar-se na Academia. Como gennin, nosso contato foi enfraquecendo-se, pois eu, Iruka, não era mais seu sensei. Esse trabalho fora atribuído a Hatake Kakashi, o que despertou em mim uma certa preocupação. Nos dias em que não nos víamos, pensava em como o pequeno poderia estar evoluindo em sua jornada para tornar-se o ninja mais
poderoso da vila.
Através do Exame Chuunin, percebi que Naruto, ao longo de sua trajetória que eu não pude presenciar, versou e aprimorou cada conhecimento que transmiti a ele. E mais do que isso, o garoto criou seus próprios conceitos e transmitiu-os para as pessoas. Aos poucos, ele perdia a visão que os outros tinham de seu ser, de que seu interior era tomado somente pela Kyuubi, para a visão de que sua personalidade e sua essência eram ricas em amor, sentimentos, sabedoria, determinação e, o principal,
sonhos. Naruto estava se tornando, na frente de todos, um exemplo de ninja. Ele podia não possuir os melhores jutsus, mas tinha o poder de converter suas decisões em um estímulo para aprimorar suas técnicas.
E com esse poder, Naruto deu inúmeros passos adiante. Complicações surgiram, como a partida de seu melhor
amigo Uchiha Sasuke, a morte de pessoas queridas e a perseguição da Akatsuki. Mas esses dentre outros fatores apenas contribuíram para que o Uzumaki se tornasse ainda mais forte e um grande motivo de orgulho para mim. E posso abonar com total certeza que, ao longo dos anos que se passaram, Naruto tornou-se um ninja impressionante. Poderoso, determinado e sensível.
Derrotou Pain, impedindo assim o fenecimento da vila e trazendo novamente a paz para todos, obteve respeito da parte de cada civil, viu seus sentimentos de amor verdadeiro e afeição desabrocharem ao dar o primeiro beijo em Hyuuga Hinata e, assim, dar valor ao sentimento que a garota nutriu por ele ao longo dos anos. Mas, acima de tudo, Naruto mostrou a todos que a vida é feita de sonhos, que se transformam em metas e em determinação para realizá-los.
Ao decorrer de dez anos, Naruto tornou-se um chuunin, e após isso um renomado jounnin. Em sua lista de missões bem sucedidas, estava incluída a vitória sobre a Akatsuki e o retorno do Uchiha furtivo à vila. O Uzumaki emanava felicidade, tinha todos os objetivos que traçara cumpridos, exceto por um, que não tardou a realizar-se.
A Godaime estava cada vez mais cansada. As batalhas nas quais ela estava presente causaram a seu corpo um grande desgaste, principalmente em suas células, por conta dos ninjutsus médicos que ela mesma desenvolvera. E claro, graças ao gênio particular que Tsunade possuía, a mesma decidiu que não estava em condições para o cargo e merecia um descanso. Para nomear o novo Hokage para Konoha, não teve dúvidas e escolheu Naruto. Não é possível descrever a felicidade do Uzumaki quando soube da notícia, pois foi tremenda a ponto de fazer algumas lágrimas rolarem pelo rosto do garoto. Lágrimas de felicidade, de ver um sonho sendo realizado, o maior de toda sua vida.
E com um sorriso iluminador no rosto, Naruto colocou o chapéu característico usado pelos Hokages e jurou que protegeria a vila com todas as suas forças, nem que para isso fosse necessária sua vida. E acrescentou:
“Eu nunca traio as minhas palavras, esse é o meu jeito ninja, datte bayo!”. Uzumaki Naruto talvez não soubesse, mas ele tinha algo que nenhum outro ninja jamais adquiriu: O poder de acreditar em si mesmo. Não trata-se de uma epopéia ou de um conto de fadas: O que conto hoje é a história do ninja mais importante que o mundo já abrigou.
Owari.

A Batalha Final De Naruto
O ar gelado do vento noturno crispava os olhos de Naruto, que se movimentava a passos largos e poderosos floresta adentro. Apesar de avançar durante toda a noite, o Jinchuuriki não apresentava qualquer traço de cansaço em seus olhos grandes e seus membros ainda tocavam o chão ferozmente, impulsionando-o com força para frente.
A garoa fina que passava entre as folhas nas copas das árvores atingia o rapaz loiro, que as ignorava completamente e continuava avançando veloz em direção ao norte. Seus dentes pontiagudos rangiam de tempos em tempos demonstrando a impaciência do garoto, que não via a hora de atingir o tão almejado destino. Seus pensamentos eram voltados apenas para Kakashi e Orochimaru. A imagem forte dos dois poderosos “shinobis” ofuscavam até mesmo a preocupação que Naruto tinha em relação à seus amigos mais próximos. Gai, Lee, Kiba, Neji e Sakura ainda estavam em estado crítico nos quartos do hospital de Konoha, mas Naruto sabia que não poderia fazer nada para ajudá-los.
Os olhos avermelhados do rapaz fitavam o caminho que brotava à sua frente, e ele tratou de apressar ainda mais o passo, a fim de chegar logo ao local informado. Ele sentia remorso por não ter ajudado os amigos da vila da folha, mas remoia-se ainda mais por saber que o atraso de seu retorno fora fato decisivo na morte de Nara Shikamaru e, possivelmente, na de Hatake Kakashi.
Enquanto avançava em direção ao caminho secreto, na entrada da obscura vila oculta do som, Naruto tentava apagar a paisagem desastrosa que vira quando, finalmente, conseguiu voltar à sua vila. Precisava se focar na batalha que estava por vir, e não mediria esforços para derrotar qualquer um que se colocasse entre ele e sua vingança contra Orochimaru.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Naruto caminhava lentamente pela espaçosa trilha que conduzia à Konoha. Seis anos haviam se passado desde sua partida da vila oculta da folha, no país do fogo, e ele não via a hora de reencontrar seus antigos amigos.
Durante os seis solitários anos que vagou fora de Konoha, Naruto desenvolveu-se ainda mais do que nos períodos anteriores de treinamento. Seu corpo havia ganhado muita massa muscular, e o jovem rapaz havia se transformado em um homem. Havia ganhado, também, alguns centímetros de altura e, do alto de seus um metro e setenta e cinco, observava o mundo com outros olhos. Já não era mais o rapazinho ingênuo que havia deixado sua vila para se tornar Hokage. Era, agora, um shinobi completo do nível de um jounnin habilidoso, embora tenha deixado a vila antes mesmo de se tornar chunnin.
Durante os anos de viagem, Naruto visitou várias vilas diferentes, aprendeu jutsus poderosos, e conheceu ninjas impressionantes. A maioria de seu treinamento foi dedicado ao controle do chakra da “Kyuubi”, o monstro que habitava seu corpo e que era considerado, pela maioria dos shinobis da folha, o bijuu mais poderoso e perigoso de todos. O chakra do monstro, que corria dentro de seu corpo, havia se tornado sua principal arma. Ele não esperava a hora de adentrar aos portões de Konoha, demonstrando a todos os habitantes da vila, o quão poderoso o Jinchuuriki da folha era.
Conforme ia se aproximando da vila, a ansiedade de Naruto foi aumentando e, com ela, o ritmo de suas passadas. Porém, quando desceu a última colina em direção ao enorme portão da vila da folha, Naruto foi paralisado pelo cenário desastroso que se ergueu diante de seus olhos.
Detrás das enormes muralhas de Konoha, pôde ver a vila completamente destruída. Ficou parado por alguns segundos e, então, conseguiu imprimir uma corrida desesperada na direção de sua vila. Passou correndo pelo portão enorme e, novamente, parou.
Estava destruída a grande maioria dos prédios de Konoha, e marcas de kunais e shurikens podiam ser vistas em várias paredes das casas. Algumas manchas de sangue haviam coagulado no chão vermelho de terra, demonstrando que várias pessoas haviam se ferido ou morrido pouco tempo atrás. Pouquíssimas pessoas passavam nas ruas à sua frente, e nenhuma delas reconheceu o garoto, que agora possuía longos cabelos dourados, amarrados frouxamente em um rabo de cavalo.
Sem entender o que havia acontecido no local, Naruto caminhou lenta e cambaleantemente, em direção ao hospital da vila. A cena nas proximidades do prédio era ainda mais perturbadora.
Tendas improvisadas se erguiam na frente do centro médico e abrigavam dezenas de feridos, que eram amparados por meia dúzia de ninjas médicos de várias vilas vizinhas. Ainda estupefato, e sem saber o que poderia ter causado tanta destruição em sua vila, Naruto caminhou em direção ao prédio central. Seus passos foram interrompidos por um leve toque em seu ombro direito. O rapaz, ainda impressionado com a paisagem à seu redor, se virou lentamente.
_ Naruto-kun? É você?
A voz de Temari parecia fraca e desconsolada.
_ Temari! O que aconteceu aqui? Quem fez isso? Onde estão todos?
As perguntas de Naruto sucederam velozmente, e sua voz eufórica centrou um pouco os olhos avermelhados da garota que estava a sua frente. Ela abaixou o olhar, fitando o chão de terra por alguns segundos, depois respondeu com a voz ainda bastante fraca.
- Foi rápido demais... A maioria dos jounnins está em missões longas longe da vila e ainda não retornaram. Quem ficou na vila fez o que pôde para defender os habitantes... Eles eram poucos, mas pegaram a maioria dos chunnins de surpresa. Eles destruíram tudo rapidamente, com invocações poderosas e gigantescas... Pelo que sei, Tsunade-sama fez o que pôde, e salvou muita gente, mas eles foram embora muito rápido e não havia como deixar a vila para ir atrás deles. Cheguei hoje pela manhã... - Temari balançou a cabeça e secou algumas lágrimas que se formaram em seu rosto, depois ela continuou. -... Para enterrar o Shikamaru...
_ O QUÊ VOCÊ DISSE? - Articulou Naruto, com ambas as mão apoiadas nos ombros de Temari, os grandes orbes azuis completamente arregalados.
_ Ele encontrou os shinobis do som na saída da vila, enquanto voltava de uma missão com alguns gennins. Eu lamento... - Respondeu ela, ainda fitando o chão.
_ Shinobis do SOM! - Ele retrucou feroz.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

A pesada porta da sala da Hokage da vila foi derrubada por um violento golpe disparado por Naruto, e ele entrou na sala bufando e com os olhos vermelhos de raiva, com a íris pontiaguda e os traços do rosto em evidência.
_ ONDE ELE ESTÁ? - Questionou o rapaz, dirigindo-se à mesa da Godaime.
_ ONDE O KAKASHI ESTÁ? - Repetiu impaciente, Naruto.
Tsunade, que estava sentada em sua mesa, não ergueu o olhar nem mesmo diante do estrondo poderoso de sua porta, sendo derrubada por Naruto. Continuou sentada sobre a mesa, olhando pela janela a movimentação em frente ao hospital de Konoha.
_ TSUNADE! EU TOU FALANDO COM VOCÊ! - Disse Naruto, socando a mesa pesada que estava no centro da sala, onde Tsunade estava sentada.
A loira levantou-se e, girando-se na direção de Naruto, disparou um olhar ameaçador que esfriou um pouco a cabeça do rapaz. Ele sabia que a Hokage da vila da folha havia passado por um inferno nos últimos três dias que se sucederam ao ataque da vila do som, e sabia que pressioná-la naquele momento poderia ser desastroso. A mulher passou por ele e se dirigiu até a porta da sala, parando a alguns metros dela.
_ Hum... Então você já soube?
_ Temari me contou. - Respondeu um pouco mais calmo.
_ Não posso mandar ninguém em uma missão de resgate. Nossos melhores shinobis já foram chamados de volta, e eu tenho essa bagunça toda para administrar. Não posso enviar um grupo na missão de resgate até que eles voltem.
_ BESTEIRA! Vai deixar Kakashi nas mãos do Orochimaru? - Questionou primeiro alterado, depois triste, Naruto.
_ Você sabe mais do que ninguém, o quanto admiro o Kakashi! Ele é um dos jounnins mais fortes que já passaram pela história dessa vila! Ninguém sente mais a falta dele aqui, conosco, do que eu! - Ela retrucou, virando-se para ele com o olhar em chamas. - Você não pode me acusar de abandonar um amigo quando a vila toda está em desgraça POR MINHA CAUSA! VOCÊ NÃO SABE O QUE É NÃO PODER AJUDAR TODA ESSA GENTE ENQUANTO NINJAS DE UMA VILA INIMIGA NOS ATACAM TÃO COVARDEMENTE E DE FORMA TÃO MONSTRUOSA!
_ Eu vou atraz do Kakashi.
Tsunade mudou totalmente sua expressão facial naquele momento. Passou de irritada à entristecida em uma fração de segundos, depois respondeu, calmamente, à Naruto.
_ Orochimaru veio até aqui para buscar você. Não posso permitir que vá até ele depois que toda essa gente teve que sofrer para que o poder da Kyuubi não caísse nas mãos daquele bastardo! Você está proibido de deixar a vila até segunda ordem... ENTENDEU-ME, Uzumaki Naruto?
_ Humpf... - Naruto deu de ombros.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Mais tarde, naquela mesma noite, Naruto encontrou um bilhete de Orochimaru em sua casa dizendo aonde o encontrar. Naruto nocauteou, com extrema facilidade, os dois chunnins que montavam guarda em frente à sua casa, e partiu.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

O sol começava a nascer, por detrás da montanha grande que se erguia no fim da floresta, e os primeiro raios do astro revelaram à Naruto a localização do lugar descrito por Orochimaru.
Do alto de uma figueira gigantesca, Naruto pôde observar toda a planície que se estendia à sua frente e, próximo à montanha no fundo da paisagem, o grande castelo onde Orochimaru disse estar esperando por ele. Como havia avançado por toda a noite em velocidade máxima, Naruto encontrava-se, àquela hora da manhã, um pouco cansado. Com a sua cabeça um pouco mais fria e os pensamentos um pouco mais ordenados, considerou que talvez fosse melhor descansar, comer alguma coisa e esperar anoitecer, assim teria mais chances de passar pela truculenta segurança que, ele imaginou, haveria no local.
O fato é que, Orochimaru, tão certo do aparecimento de Naruto quanto de sua força e facilidade para vencê-lo, não havia disposto qualquer sentinela no local. Pelo menos, quando a noite caiu, Naruto já estava recuperado de toda a energia que havia gasto para chegar até aquele lugar. Parou em frente ao enorme prédio e o analisou minuciosamente, procurando encontrar alguma armadilha colocada pelo traiçoeiro sannin.
O prédio era um castelo enorme, com uma torre gigantesca no centro e duas pouco menores de cada lado. Não havia nenhuma armadilha disposta por Orochimaru para atrasar Naruto, pois, na certa, ele esperava que o garoto pudesse aparecer logo para que ele não ficasse muito tempo esperando e fosse descoberto pela ANBU. Naruto empurrou a porta de madeira maciça no centro da entrada principal do prédio, haveria alguns lances de escada para subir em direção à torre principal onde, imaginava ele, Orochimaru aguardava junto com Kakashi. Ao invés de uma escada ascendente, porém, Naruto se deparou com um corredor enorme de degraus que desciam em direção ao subsolo.
O corredor era escuro, e tochas iluminavam-no fracamente a cada três ou quatro metros. Naruto não podia ver o fim do corredor, que era envolto no mais puro breu alguns metro à sua frente, mas seguiu descendo os degraus, um-a-um, mesmo assim. No caminho, lembrava-se de todos os momentos juntos de seu mestre Kakashi.
Lembrava de toda a evolução que o "Ninja Copiador" havia propiciado ao time sete, bem como a ele e Sakura, quando formavam o chamado "Time Kakashi". Das batalhas contra a Akatsuki, e de todas as vitórias que ele havia ajudado a conquistar. Perder um grande amido como Hatake Kakashi não estava nos planos de Naruto, que rangia violentamente os dentes e cerrava feroz o punho direito enquanto caminhava lentamente rumo ao desconhecido local onde Orochimaru o aguardava.
- Não vou deixar que você mate o Kakashi-sensei... Orochimaru... - Comentou, em voz baixa, para si mesmo.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Quando chegou ao fim do corredor, Naruto se deparou com uma gigantesca porta de metal, que bloqueava sua passagem. Lentamente, a porta foi se abrindo e revelando um salão gigantesco, esculpido na rocha pura que preenchia totalmente as paredes. O garoto loiro atravessou, a passos curtos, a porta de metal e parou sobre o chão de madeira do elevado. Era como uma espécie de varanda, ou mezanino, de uns três metros de largura, por uns cinco ou seis de comprimento. Uns dois ou três metros abaixo, estava o salão.
Completamente vazio, o lugar era bastante iluminado graças às várias tochas e lamparinas que se espalhavam penduradas nas paredes e colunas do local. Naruto podia enxergar facilmente uns seis ou sete metros a sua frente, o resto ainda era envolto pelo breu da caverna e deu um tom ainda mais tenebroso ao local. Da escuridão a sua frente, a voz de Orochimaru soou distante:
_ Pensei que nunca chegaria até aqui... Uzumaki Naruto.
_ Orochimaru! Onde está o Kakashi-sensei? - Questionou inexplicavelmente centrado, Naruto.
_ Bem vindo à minha humilde morada, Jinchuuriki da folha... Detentor do poder da Kyuubi.
_ Não me enrole e apareça de uma vez por todas, para acabarmos logo com isso! - Berrou, enquanto olhava ao redor para ver se encontrava Kakashi.
Orochimaru apareceu vindo das sombras à sua frente. Sua face pálida e o cabelo escorrido e negro não deixavam dúvidas, à sua frente, caminhando calmamente, vinha Orochimaru. Naruto fitava-o com seus orbes azuis e com expressão feroz, mas não atacou logo que o viu como seria de se esperar. Ele sabia que enfrentaria a maior batalha de toda sua vida, e precisava ter cautela e atacar com cuidado. Além do mais, precisava saber se Kakashi estava bem.
_ Onde está o Kakashi? - Repetiu, com a voz calma e pausada.
_ Kakashi-kun está aqui. - Disse, enquanto deslizava seu olhar para a direita.
Rapidamente, Naruto virou-se para a esquerda e viu Kakashi, inconsciente e totalmente imobilizado com uma linha de chakra.
_ Kakashi-sensei! - Naruto fez menção a correr na direção do amigo, mas as palavras de Orochimaru o fizeram ficar parado.
_ Kakashi-kun foi um adversário interessante... Quase derrotou um amigo seu... Alguém que veio até aqui apenas para lhe desafiar.
As palavras de Orochimaru pareceram um pouco confusas para Naruto por um segundo, mas logo ele descobriu de quem o sannin estava falando. Das sombras ao lado de Orochimaru, lentamente apareceu o jovem Uchiha Sasuke. Ele caminhava lentamente, e parou assim que chegou ao lado seu mestre.
Seu corpo também havia se desenvolvido bastante, e seu olhar de desprezo fuzilava Naruto sem nenhum pudor. Sasuke deu dois passos a frente e colocou-se entre Orochimaru e Naruto. Ao ver o jovem moreno, o outro loiro transformou sua expressão.
Seu maxilar superior pressionava fortemente o inferior, fazendo brotar uma dobra forçada na face do rapaz. Os olhos azuis foram ganhando uma tonalidade mais avermelhada, até finalmente adquirirem o aspecto felino que lhe era característico. Os punhos do Jinchuuriki, que haviam relaxado no momento em que o mesmo ouvira a voz de Orochimaru, voltaram a cerrar-se ainda mais ferozmente. Depois, o rapaz ficou mais ereto e, para surpresa completa de Orochimaru, deu de ombros.
_ Meu assunto não é com você... Sasuke. - O outro arregalou ferozmente os olhos, e cerrou os punhos em resposta ao insulto de Naruto, que fez uma breve pausa e continuou. - Desisti de te salvar do Orochimaru há muito tempo... Você se vendeu a ele em troca de poder, não é? Poder que poderia ter retirado de dentro de você mesmo...
_ Temos assuntos inacabados, Naruto... Assuntos que vamos tratar hoje! _ Hurrou o jovem Uchiha.
_ Não temos nada inacabado, meu caro Sasuke... Você trocou seus amigos por poder... Poder para vingar a morte de seu clã matando seu irmão, não é mesmo? EU MATEI O SEU IRMÃO! - Esbravejou Naruto, enquanto batia fortemente contra o próprio peito. - Itachi está morto e você se tornou um asqueroso tão fraco quanto ele! Tenho pena de você, Uchiha Sasuke!
_ É verdade que você venceu meu irmão Itachi... Por isso, se eu matar você, será como se eu o tivesse matado. Você sempre foi um pobre coitado, Naruto... Vou provar como um shinobi de linguagem pura como eu acaba derrotando um inútil como você! - Disse, enquanto flexionava as duas pernas, estendendo o braço direito na frente do corpo. - CHIDORI!
Sasuke avançou contra Naruto ferozmente, atacando com o chidori em um ataque frontal. Naruto não se moveu até que Sasuke estivesse a alguns centímetros dele e, só então, preparou um contra-ataque. Dando um passo para frente, Naruto golpeou o braço direito de Sasuke com um tapa de seu esquerdo enquanto, com o punho direito, acertou o ex-companheiro na altura do estômago. O chidori se desfez rapidamente e Sasuke caiu no chão, tossindo uma grande quantidade de sangue até, finalmente, desmaiar.
_ Não pode me vencer usando nenhum de seus brinquedinhos, Orochimaru... Suas marionetes não possuem habilidade suficiente para me derrotar em batalha, não vim até aqui para brincar com elas! - Exclamou Naruto, ficando mais irritado a cada palavra pronunciada para o homem pálido em sua frente.
Sua voz era mais grave, e sua postura mais elegante. Orochimaru deixou brotar à sua face um enorme sorriso ao ouvir as palavras de Naruto. Ele jamais imaginaria que o garoto que sempre fora um peso, onde quer que estivesse, haveria de se tornar tão poderoso. O fato é que ele havia subestimado o garoto loiro que, impressionantemente, havia derrubado seu aprendiz mais poderoso com um único golpe. Naruto havia evoluído muito naqueles anos de treinamento sozinho, talvez sua evolução tenha sido maior até mesmo comparada à época em que treinava com Jyraia. Agora ele, Orochimaru, não teria alternativa, a não ser lutar contra o jovem.
Naruto estava em pé, de costas para a porta de entrada acima dele e de frente para Orochimaru. Sem nem mesmo olhar para trás, Naruto curva um pouco a cabeça para a direita, esquivando de uma kunai atirada contra ele. A lâmina passa rente à face esquerda do rapaz, que a agarra com a mão direita no momento em que ela cruzava sua frente. O corte no rosto do shinobi da folha cura-se em frações de segundo e o mesmo vira-se para a direção de onde lhe fora atirada a kunai, girando a ferramenta no indicador da mão direita.
No alto do mezanino, o jovem Yakushi Kabuto observa, pasmo, o tempo de reação de Naruto. De olhos arregalados, e ainda sem entender como o rapaz fora capaz de desviar tão facilmente da kunai, Kabuto observa Naruto, que sorri desdenhosamente:
_ Kabuto! Quase me esqueço de você não é mesmo? - Naruto desfaz o sorrido bobo pregado à sua face, depois continua com entonação bem menos brincalhona. - Vi você assim que entrei nessa sala... Só não imaginei que você fosse me atacar pelas costas dessa maneira. De todos os traidores que estão nessa sala, acho que você é o mais deprimente...
Dizendo isso, Naruto atira a kunai na direção de Kabuto, que rapidamente busca outra faca e consegue defender o golpe, com alguma dificuldade. A pequena faca gira no ar e, antes que ela começasse a cair, Kabuto percebe Naruto acima de si. O subordinado de Orochimaru não tem tempo sequer de tentar se defender, e é atingido em cheio por um poderoso soco, que o faz atravessar o chão do mezanino e atingir, violentamente, o chão de pedra.
Naruto caminha novamente na direção de Orochimaru e para, fechando, lentamente, os olhos.
O sorriso de Orochimaru torna-se ainda mais rasgado e o mesmo aplaude fervorosamente o garoto à sua frente, com seus orbes castanhos completamente arregalados. Depois, em tom de deboche, comenta:
_ Estou impressionado com seus avanços, Uzumaki Naruto. Você certamente não é mais o gennin bobo que eu encontrei muito tempo atrás... Vejo que o babaca do Jyraia lhe ensinou como controlar chakra da Kyuubi, não é mesmoo? Mas será que você possui poder para vencer um dos lendários Sannins?
_ De fato, quando encontrei você nas outras vezes, fiquei um pouco assustado. Com sua aparência bizarra, com seu poder estrondoso, com tanto desprezo pela vila da folha. Mas isso já faz muito tempo, não é? Não sou mais nenhuma criança... Estou um pouco atrasado... - Disse, depois cerrou ambos os punhos com força e continuou. - Mas farei com que você pague pelo que fez ao Terceiro
(Referindo-se à Sarutobi, o Terceiro Hokage)!
_ Tente! Vamos ver do que você é capaz, garotinho!
Dizendo isso, Orochimaru retirou da garganta uma enorme espada. A mesma espada com que ele havia assassinado o velho Sarutobi. Naruto reconheceu a espada de imediato e ficou ainda mais furioso. Orochimaru correu na direção de Naruto e golpeou-o com um corte horizontal na altura do peito. Naruto deu um passo para trás e evitou o corte fatal, preparando-se para contra-atacar. Antes que pudesse golpear Orochimaru, porém, este rapidamente recuperou o equilíbrio e golpeou novamente acertando, desta vez, o peito de Naruto, que foi atirado a alguns metros contra uma das paredes rochosas do grande salão. Ao ver a lâmina ensangüentada, Orochimaru sorriu feliz, e pôs a passar a língua comprida no centro da mesma, provando o gosto do sangue do rapaz loiro que havia sido golpeado.
_ Há! Há! Há! Há!... - Riu-se. - Você realmente não tem tanto poder assim, não é, Jinchuuriki da Kyuubi? Como posso ter te derrotado tão facilmente?
_ Se isso é tudo o que pode fazer... - Disse Naruto, enquanto se levantava, meio cambaleante. -... Então você realmente não vai ter a menor chance!
Orochimaru arregalou ainda mais os olhos, ao ver que o garoto colocava-se de pé, em sua frente, com um enorme corte na altura do peito. Impressionado, observou enquanto o chakra alaranjado da Kyuubi começou a envolver o corpo de Naruto. O Jinchuuriki abaixou a cabeça e fechou os olhos por alguns segundos. Depois, enquanto, uma-a-uma, as sombras avermelhadas das nove caudas foram aparecendo ao redor do rapaz, ele reergueu o olhar. Seus olhos estavam completamente vermelhos e o rosto de Naruto havia se transformado completamente. Duas presas enormes e pontiagudas lhe brotavam de cada mandíbula e sua respiração, antes compassada e concentrada, havia acelerado e agora beiravam às bufadas frenéticas de um búfalo selvagem. As unhas de Naruto haviam crescido, e agora o garoto possuía dez garras aparentemente muito afiadas. Orochimaru largou a espada e deu um passo involuntário para trás, extremamente impressionado com o chakra que emanava de Naruto. O garoto ficou ereto e, já com o profundo corte totalmente cicatrizado, brincou com o desespero no olhar de Orochimaru:
_ Orochimaru-sama... Eu lhe apresento... A Raposa-demônio de Nove caudas!
_ Impossível... - Ele retrucou. - Como você pode controlar essa quantidade de chakra? IMPOSSÍVEL!
_ O que foi Orochimaru? Está com medo de um gatinho? Quero lhe mostrar uma coisa... Uma técnica que você nunca viu... Uma variação do Rasengan, desenvolvido pelo Quarto.
Dizendo isso, Naruto estendeu o braço direito e franziu a testa, buscando canalizar e controlar o chakra da Kyuubi. Uma pequena esfera de chakra se formou na palma da mão direita do rapaz, com a aparência de um rasengan. Aos poucos, o chakra azul foi ficando alaranjado e uma outra esfera menor, que girava em sentido oposto ao da primeira, foi criada dentro da azul.
_ Esta é minha resposta à sua pergunta, Orochimaru... Este é o meu poder máximo, e que supera o nível de luta de um “Kage”! Morra OROCHIMARU!
Naruto avançou ferozmente sobre o oponente, atacando com o chakra concentrado em sua mão. O movimento circular do chakra (horário na esfera interior e anti-horário na exterior) perfurou facilmente o corpo de Orochimaru, que foi atirado a vários metros de distância, fazendo o sangue de cor violeta se espalhar pela parede de pedra e por todo o chão na distancia entre Naruto e Orochimaru.
Aos poucos, o chakra vermelho e incandescente da raposa foi selado novamente no interior do corpo de Naruto, e o mesmo caiu ajoelhado em frente ao corpo sem vida de Orochimaru. As linhas de chakra que prendiam Kakashi foram ficando cada vez mais fracas até, finalmente, liberarem o corpo do jounnin.
Alguns minutos mais tarde, Naruto deixava o castelo de Orochimaru carregando seu “sensei”, Hatake Kakashi, nos braços.
Em determinado momento, enquanto caminhavam lentamente em direção à Konoha, Kakashi sorriu para Naruto:
_ E então Naruto... Em sua viagem... Encontrou o que procurava? O poder para se tornar Hokage?
_ O poder para me tornar Kage foi selado em mim quando eu era muito pequeno, Kakashi-sensei. E eu tenho que agradecer a ele por isso. - Respondeu, enquanto apontava um grupo de estrelas que lembravam o formato da face de Yondaime - O Quarto Hokage.
Genio Contra Fracassado
Gai tremia a cada palavra que vinha da Quinta Hokage. Gai parado a frente da mesa, estava com seus olhos fechados e um tanto nervoso, mais do que isso estava começando a sentir-se envergonhado pela presença de Tenten ao fundo da sala, que ficava de cabeça baixa escutando todas as repreendas que recebia.
Tenten tinha uma aparência um pouco triste receosa, ela havia denunciado Gai, e por isso eles estavam ali na sala da Hokage. Gai sempre adorou rivalidades, e sempre incentivou a rivalidade de Lee e Neji, mas desta vez ele havia permitido que os dois iniciassem uma luta de vida ou morte. Luta de vida ou morte, sem motivo algum, Tsunade ao saber do ocorrido teve de ser detida por Iruka, que estava sentado a sua direita, e por Shizume que naquele momento estava a sua esquerda.
Quando Tsunade conseguiu se acalmar, Lee e Neji já estavam no auge de sua luta. Ambos levados para a sala dos Hokages, Lee e Neji foram escutados primeiros, mas apenas ofensas vinham de ambas as partes.
Lee e Neji foram postos para fora de sala onde eram guarnecidos por dois Chunnins. Lee sentou-se a direita da porta e ficava a olhar fixamente a pessoa que estava sentada a sua frente. Uma mão estava tocando no seu ombro, o que deixava sua face um pouco rubra, e fazia um grande contraste com o roxeado que estava em seu olho esquerdo, fora aquele olho, e um pouco de sujeira, Lee ainda estava em condições de enfrentar a Lee.
A mão no ombro direito de Lee, era do Chunnin que o guarnecia, Sakura se concentrava em apenas esperar a voz de Tsunade a chamá-la. Sabia que aquele gennin a respeitava e não faria nenhuma ação desmedida que pudesse a deixar mal em frente a sua mestra.
À frente de Lee e Sakura estava sentado Neji, que apenas sua bandana ninja rasgada, o que fazia com que seus cabelos estivessem bem desarrumados. Ao seu lado estava um rosto não muito empolgado, o chunin desferia alguns resmungos contra os dois.
_ Se não fosse dar tanto trabalho... Iria sugerir a Tsunade deixar vocês se matarem... Graças a vocês... Perdi meu dia de folga por ser o único Chunnin que estava sem missão na vila... Saco... Poderia ao menos se comportar como um Chunin Neji...
Aquela voz de cansaço e pouco caso de Shikamaru eram inconfundíveis. Sakura teve vontade de rir um pouco da situação afinal Shikamaru não perdia aquele seu jeito preguiçoso. Sakura teve vontade de rir, mas não o fez, pois percebeu que o silêncio tomou conta do interior da sala da Hokage.
Tudo começou no final do Exame Chunnin, Lee e Tenten haviam ficado pelas preliminares da terceira etapa. Neji tendo se tornado Chunnin agora tinha o comando da equipe na ausência de Gai, e foi o que fez a rivalidade entre os dois aumentar por parte de Lee. Em uma missão onde a equipe estava completa. Gai fora capturado juntamente com Lee. Os shinobis conseguiram dopar a Gai e retiraram dele coisas que atormentavam a Neji e a Tenten. No resgate Neji foi atacado por um Genjutsu. Com sua habilidade seria fácil para ele se livrar daquilo, mas a ilusão mostrava seu pai sendo humilhado pela família principal dos Hyuugas. Demorou até que Neji se recuperasse e com isso apenas Lee fora resgatado na primeira tentativa. Lee indignado por terem tido que fugir, deixando Gai para traz, atacou Neji que por descuido chamou-o de fracassado.
A situação da captura de Gai foi resolvida por Kakashi que estava indo em missão para o País das águas. Após ajudá-los a resgatar Gai, Kakashi partiu sem saber o que acontecia. Gai demorou a perceber que havia muita hostilidade entre Neji e Lee no final daquela missão por não ter acompanhado todos os fatos. Cheio de tantos olhares agressivos Gai brincou que eles deveriam lutar até a morte contra o seu eterno rival. Mal chegaram na vila, e os dois iniciaram o combate.
Tsunade escutou aos dois lados, e após repreender Gai por aquela rivalidade doentia calou-se e ficou a imaginar o que deveria fazer.
_ Gai! Respeito seus métodos de treinamento e acredito que uma rivalidade faça a pessoa dar mais de si. Mas, tem consciência de que a rivalidade poderia ter custado sua vida nessa missão? Pergunta Iruka.
_ Missão está que fracassou, pois aquele grupo de ninjas que os atacou, levou as cartas de navegações que devíamos entregar ao senhor Feudal. Completou Shizume.
_ Deixar que seus comandados lutem a até a morte um contra o outro sem motivo algum... Estou decepcionada com você Gai! Sua punição será severa, mas antes temos dois bons ninjas querendo tirar a vida um do outro a troco de..
_ Honra! Eles não lutam a troco de nada, querem apenas fazer o outro respeitar o que ele acredita. Lee sempre treinou para que pudesse ser um ninja, mesmo usando apenas de Taijutsu, coisa que Neji não acredita ser possível. Enquanto Neji acredita que jamais um gênio será derrotado por alguém que não seja de uma grande família, e mais, Lee como me disseram, insultou o pai de Neji dizendo que ele se orgulhava de ser Gênio Hyuuga, mas não passava de um filho de um secundário, sem prestigio algum. Por isso eles lutam, não acho sem sentido e si que quanto mais eu falo, mais a situação piora... Mas aposto que deixaria os dois lutarem com todas as forças deles, se um deles fosse o Naruto.
Depois daquelas falas, Gai baixou a cabeça e temeu pelo pior. Ele havia pré-julgado a Quinta referindo que trataria o caso diferente, caso fosse o Naruto quem estivesse envolvido. O silêncio se fez.
_ Vão para suas casas, estão cansados da missão, acredito que estejam bem desgastados. Disse Tsunade carimbando e assinado alguns documentos.
_ Daqui a dois dias você terá seu desejo realizado. Eles lutarão até a morte. Diz Tsunade encarando Gai com um olhar frio.

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Neji havia acabado de acordar, no dia seguinte ele enfrentaria Rock Lee. Neji estava muito disposto para aquela luta, havia sonhado com seu pai aquela noite. Para Neji a luta só serviria para punir aquele que ousasse tocar no nome de seu pai de maneira vil. Neji perdido em pensamentos, percebeu a presença de Hiashi, o mestre do Clã Hyuuga e seu tio, só quando ele já estava a sua frente.
_ Tem absoluta certeza que ganhará amanhã, não é verdade Neji? Pergunta Hiashi a sentar-se próximo a ele.
_ Um Gênio jamais será superado por um fracassado. Disse Neji.
_ E Naruto? Ele não é um completo fracassado? Pergunta Hiashi.
Neji entendeu bem o que Hiashi queria dizer com tudo aquilo, mas estava querendo pouca conversa.
_ Não se preocupe. Não envergonharei o nome da família Hyuuga, e caso um milagre ocorra, basta dizer que sou da família secundária e que isso jamais aconteceria com um membro da família principal.
Neji levantou-se tão logo conseguiu terminar de falar e estava distanciando-se, mas algo lhe fez parar. Ele não estava sendo parado pelo selo dos secundários, parou por vontade própria, mas não estava usando o Byakugan. No entando, Neji sabia que Hiashi estava a balançar a cabeça negativamente.
_ A mais do que uma simples preocupação minha em você envergonhar o nome da família Neji. Sei que sente falta de seu pai, e que nunca nos viu como uma família de verdade... Acho que existe alguma maldição na Família Hyuuga. Hinata também não se sente parte da família, e você também a julgou fracassada. Creio que a pressão de fazer parte desta família é grande demais para seus membros.
Hiashi parou por alguns instantes e ficou olhando para os céus. Neji havia ficado parado escutando a seu tio, mas permanecia de costas para ele. Neji realmente não se sentia parte da família Hyuuga em alguns momentos, dotado de todo a genialidade que o nome da família poderia ter lhe dado, por ser da família secundária sentia-se como um intruso indesejado. Ele nunca havia reparado que Hinata era como ele, simplesmente não sentia-se querida em seu próprio clã, não conseguia sentir o respeito e admiração de seu pai.
Respeito e admiração, o reconhecimento. Era por isso que Naruto tanto lutava. Para que as pessoas reconhecessem a sua existência. Neji buscava mais, no inicio para superar a família principal sendo apenas um membro da família secundaria, mas percebeu que ele só queria que a família principal reconhecesse sua existência.
_ Amanhã você lutará tendo consigo muitas coisas. Muito esta em jogo. A memória e honra de seu pai. As coisas em que você acredita. O nome de sua família, por mais que não sinta-se parte dela. Para provar que o estilo Jyuuken é o mais forte dos Taijutsus existentes. Mais do que isto Neji... Amanhã quando lutar vai estar provando a sua existência a família Hyuuga.
Neji voltou-se para Hiashi surpreso com o que escutou.
_ Neji... Não importa que o membro seja da parte principal ou secundária. Cada individuo nasce para ser o que deseja e acreditar no que tiver vontade. Mas, apenas aqueles que tiverem o poder para provar a sua existência quando seus valores forem postos à prova é que terão o verdadeiro gosto de saber que estão vivos, e então os outros verão que ele está vivo. Seu pai sempre sentiu-se aprisionado, mas podia fazer o que tinha vontade, ao contrário de mim que sempre tive que pensar primeiro no Clã.
Neji parado não acreditava no que estava acontecendo. O Mestre do clã abrindo-se com ele que era um mero recém graduado Chunnin. De certa forma Neji sentiu-se parte da família naquele momento.
_ Amanhã honrarei o nome da família e provarei a minha existência. Jyuuken, certo? A arte de infligir danos aos órgãos internos usando golpes externos. A arte dos Hyuugas. Sorriu Neji pondo-se em posição de ataque, esperando que Hiashi levanta-se treinasse com ele.

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A floresta parecia enorme quando se procurava alguém, Sakura e Shikamaru já estavam cansados de rodar atrás de Lee sem encontrá-lo. Eles não poderiam dizer com detalhes o que se passava pela cabeça de Lee, mas sabiam que aquela luta para ele iria significar muito.

_ Sakura, não conheço muito bem o Lee, mas tem certeza que o maluco sairia da sala da Tsunade ontem e viria ficar treinando até o momento da luta? Perguntava Shikamaru.
Sakura apenas balançou a cabeça confirmando e fez sinal de silêncio, eles começavam a escutar alguma coisa. Pareciam golpes sendo dados em madeiras, seguido de uma contagem em tom baixo.
_ Eu estou escutando bem? Noventa mil e quanto? Perguntava Shikamaru sem entender, mas Sakura já havia seguido na direção dos sons que escutava.
Por entre as folhas Shikamaru e Sakura viam Lee a socar um tronco, sua contagem se aproximava do dez mil. Olhando para os lados eles podiam ver algumas marcas de Shurikens, na verdade inúmeras maracás como se alguém tivesse lançado inúmeras vezes shurikens e kunais contra a arvore. Mas, o que chamava a atenção realmente era uma faixa pendurada que estava escrito “Um Gênio será derrotado por trabalho duro!”.
_ Dez mil! Lee caia sem forças ao solo.
Exaurido de forças, ele respirava pesadamente, tentando se recuperar. Tinha seus olhos fechados e braços esticados cada um para um lado. Sentia o vento batendo na face, mas logo sentiu algo mais úmido e gelado. Ele tossiu, estava se engasgar com um liquido que lhe era derramado na face.
_ Viu ele ta vivo! Não precisa usar nenhuma técnica de cura nele. Dizia Shikamaru que havia jogado água do cantil em Lee.
Lee observava os dois ali, sem entender muito bem. A conversa deles não demorou a tomar o rumo que Sakura e Shikamaru haviam planejado. Convencer Lee a descansar, ao invés de se matar treinando tanto. Shikamaru demonstrou-lhe que no final, a luta poderia levar mais tempo do que o normal, desta forma aquele que estivesse mais disposto venceria. Lee riu e falou que ele tinha a força da juventude, e que ninguém era mais disposto do que ele dentro da vila.
A insistência foi grande, até Lee zangar-se e dizer que eles não acreditavam que ele pudesse vencer a Neji. Então finalmente o ponto delicado da questão fora tocado. Lee realmente tinha condições de vencer a Neji? Nem Sakura, nem Shikamaru estavam preocupados com quem venceria, apenas iriam assistir a uma luta que parecia ser algo muito desejado por muitos.
_ Como assim, algo desejado por muitos? Lee não havia compreendido a resposta que havia recebido dos amigos.
_ Pelo que observei e escutei, estão ocorrendo apostas entre alguns jounnins por conta disso. Todos querem saber se o estilo agressivo do Taijutsu Renge pode superar o excepcional Taijutsu Jyuuken. Em outras palavras, a luta de vocês vai provar qual é o estilo mais forte de luta corpo a corpo, ou seja, o Taijutsu mais forte. Dizia Sakura.
_ Um ninja com Taijutsu no estilo Renge contra um outro no estilo Jyuuken, certamente é algo comum, a julgar-se que o clã Hyuuga todo usa esse Jyuuken. Mas, eles te julgam um dos poucos ninjas dignos de representar o estilo Renge dentro da vila. Dizia Shikamaru.
Lee ao escutar aquilo parou por alguns segundos meditando. Ele, um Gennin estava sendo reconhecido em sua vila como o ninja que pode provar que o estilo renge é mais forte que o estilo jyuuken. Sendo que o estilo renge não passava da utilização da combinação de força e velocidade.
Lee saiu correndo animado. Sua existência estava a ser reconhecida, assim com Naruto tentava fazer. A legitimidade ninja de Rock Lee estava sendo reconhecida por meio de seu estilo de luta, a vila estava contando com ele para provar a superioridade do estilo Renge.
Sakura e Shikamaru indo embora, não deixaram de reparar em uma carta caída no chão. Sakura a recolheu rapidamente. Era uma carta de Gai para Lee, que dizia: “Caso você esteja enganado e um fracassado não puder superar um gênio... Saiba que você não é um fracassado... Pois é o Gênio do trabalho duro!”

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Por entre as densas arvores, pouca luz do sol podia passar, mas o local estava bem claro. Tsunade, Iruka e Shizume estavam ali presentes. Hiashi chegou juntamente com Hinata e Tenten, enquanto alguns outros membros da vila chegavam e já encontravam Neji de um lado e Lee do outro apenas encarando-se. Cada qual por seu motivo, cada qual defendendo algo que acreditava, que começou a amar.
_ Vem cá... Ele já estava aqui desde quando? Perguntava Sakura.
_ Estava ali na mesma posição de hoje, quando vim aqui ontem. Dizia Shikamaru.
Gai estava parado bem próximo de Tsunade, mas ele parecia bem imóvel e apático. Não expressava muita reação. Na mente de todos a duvida era para quem ele estava a torcer. Para muitos a certeza de que ele torcia para Lee. Mas, ele não conseguia torcer por nenhum dos lados. A punição que Tsunade lhe dera havia sido mais tortuosa do que ele imaginara.
Tsunade antes dele sair de sua sala, perguntou para quem ele iria torcer. Gai ficou completamente sério e sem falas daquele momento em diante, e Tsunade ao ver ele saindo da sala completamente estático, sorriu debochosamente.
_ Quinta, não acha que foi severa demais com Gai. Perguntar-lhe para quem ele iria torcer? Acho que qualquer punição teria sido mais leve para ele do que ter que decidir qual de seus dois comandados ele quer que vença. De uma forma ou de outra no final quem ele escolher estará traindo o outro. E uma escolha impossível para um líder de equipe. Comentava Iruka que ficou sem resposta, Tsunade parecia bem avoada.
Shizume olhou de lado, e pode ver algumas pessoas com olhos felizes, e com algumas sacolas de dinheiro. Shizume olhou para Tsunade, seu olhar parecia distante. Ela não entedia o que estava acontecendo.
Tsunade levantou-se e olhou para Neji e logo após para Lee. Olhou Gai para ver se ele ainda estava vivo e respirou fundo.
_ Pois bem, essa luta será entre Rock Lee e Hyuuga Neji, como sugestão de Maito Gai para acerto de rivalidade entre os dois shinobis. Lutarão até a rendição ou morte de um dos lados. Não existe limite de tempo, se alguém interferir na luta, acredite terá de entender-se comigo. Dizia Tsunade.
Shizune arregalou olhos não acreditando. Finalmente ela havia entendido. Tsunade abriu uma banca de apostas para luta dos meninos.
_ Comecem! Grita Tsunade sentando-se.
Os dois movimentaram-se rápidos, pois sumiram da vista de todos. A grama do local movimentou-se com o vento. Ninguém via nada, ninguém sabia ao certo onde cada um estava.
Hinata e seu pai fizeram alguns selos, o Byakugan havia sido ativado. Agora eles sabiam o que acontecia. Lee estava saltando de arvore em árvore fazendo um circulo, enquanto Neji estava apenas posicionado atrás de uma moita, observando os movimentos de Lee. Contudo Hiashi sorriu. Lee vinha atcando com velocidade, mas acabou caindo na frente de todos.
_ Um Clone de sombras? Como pude...
Lee assustado vê três kunais serem lançadas contra ele. Desviou fácil das kunais que se cravaram no solo. Mas, o susto de Lee foi ao perceber que havia selos nas kunais. Ele foi rápido em sair do local. Mas, uma fumaça densa tomou conta local onde ele estava. Não eram selos explosivos como Lee pensou, eram de fumaça.
Lee circulou rapidamente um pequeno local, correndo, criando uma corrente de ar que dissipava a fumaça. Ele parou olhando para os lados e viu Neji em cima dele aplicando-lhe golpes com as palmas das mãos. Lee foi rápido em revidar os golpes. Socava as palmas das mãos de Neji tentando assim evitar que ele acertasse o seu corpo.
Lee tinha que ter mais velocidade que Neji, ou seus pontos de chakra seriam acertados e ele ficaria inutilizado. Nenhum dos dois saia daquele pequeno local onde ficaram. Dali eles tentavam se golpear, esquivas e contra golpes eram dados, no intuito de impedir que um acertasse o outro. Era um rali de golpes naquele momento.
Lee abaixou-se e aplicou o Konoha Senpuu em Neji, que levou o forte chute. Neji ainda sentia a dor do ataque quando viu Lee o chutar para cima. Era o ataque de Lótus que Lee usaria a seguir. Tratava-se de um ataque onde Lee iria imobilizar o corpo de Neji e fazê-lo cair de cabeça no solo.
Neji virou-se e golpeou os braços de Lee. No final chutou seu rosto com força. Lee acertado por é jogado contra o chão com brutalidade.
_ Sem Chakra nos braços, e acertei sua cabeça. Esse sangue... Garanto que é de algum lugar importante.
Lee cambaleava para tentar ficar de pé. Realmente Neji acertou um órgão importante com os pés. Era incrível, mas até com os pés Neji conseguia fazer o Jyuuken.
_ Eu não vou perder... Não serei um fracassado. Abrir portões.
Lee parecia obstinado pela vitória. Naquele momento Neji que acabava de cair teve certeza que ele abrirá algo próximo dos 5 portões, a força com que Neji fora golpeado indicava isso.
Neji fora socado e levado com força contra uma arvore. Um novo soco, um verdadeiro gancho o fez ir para o ar, onde Lee cuidou de golpeá-lo diversas vezes. A cada golpe, um novo roxeado aparecia no corpo de Neji.
_ Não tem como vencer isso! Assustou-se Hiashi vendo Neji entregue ao ataque.
Neji sentiu as mãos de Lee o segurar, estava pronto para finalizar o ataque da Lótus. O corpo de Neji pareceu tentar girar, e realmente conseguiu fazer isso. Uma bola de chakra se formou protegendo o corpo de Neji, ele girava velozmente em pleno ar.
_ Hakke-sho Kaiten no ar? Hiashi surpreendeu-se com o feito por Neji.
Lee fora repelido brutalmente, pela defesa absoluta de Neji, chocando-se contra uma arvore. Contudo ao ir cair, Lee é surpreendido por Neji que estava ali esperando sua queda e o agarrou. Começando a girá-lo e mantendo-o de ponta-cabeça.
_ Lótus? Assustou-se a platéia ao ver Neji preparando a lótus. Mas, ninguém reparava, Lee fincando pequenas agulhas pelo corpo de Neji, enquanto era preso por ele.
Muita fumaça com o final do ataque. Neji erguido pelo braço esquerdo de Gai, estava completamente imóvel. Agulhas estavam fincadas pelo seu corpo inutilizando chakra e movimentos. Enquanto Lee estava erguido pelo braço direito de Gai completamente inconsciente e sangrando bastante.
Gai não agüentou ver os dois imitando um o ataque do outro. Neji copiando belissimamente a Lótus, enquanto Lee simulava o ataque aos pontos do chakra por meio de agulhas. Jogou-se no meio dos dois, quando ambos já haviam terminado e interrompeu o resultado.
_ O que... O que está fazendo Gai? Pergunta Tenten estarrecida com a visão.
Todos abismados com a atitude de Gai olharam para Tsunade que estava séria. Ela parecia que ria saltar sobre Gai, mas começou a rir e aplaudir. Logo todos começaram a aplaudir juntamente com a Quinta.
_ Espero que tenha aprendido a lição Gai. Não crie rivalidades, e nem as incentive. Deixe que elas surjam e se alimentem por conta própria. Dizia Tsunade.
_ Sim, Quinta Hokage Tsunade. Dizia Gai emotivo por ter sua interferência aprovada.
_ Contudo! Eis sua punição! Apostei com esses jounnins que você ia interferir, enquanto eles apostaram que ou Lee ou Neji iria ganhar. Rapazes se quiserem, podem arrancar o prejuízo de vocês do Maito Gai! Dizia Tsunade sorrindo.
_ É brincadeira, né? Perguntava Gai desconcertado saltando seus alunos. Mas, o mesmo precisou correr dos Jounnins enfurecidos.
_ Corrida da juventude pela integridade física! Gritava Gai em fuga.
Ela Inrreal
Ele era um pássaro, agora. Tinha no rosto uma máscara de coleira¹, as linhas pretas e brancas como uma mistura dadaísta de contraposição ao mundo. Mas seus olhos e seus movimentos eram de uma águia. Ele observava bem seus inimigos, o jeito com que eles deixavam transpassar suas emoções nos gestos. E, quando era a hora certa, ele atacava.
Ele era um pássaro banhado em sangue, agora.
Mas voava, ainda assim. Voava com o aval de Anbu estampado no braço e a certeza cega de que estava fazendo o certo para proteger algo mais que seu ego. Ele queria proteger Konoha, proteger quem lhe era caro...
Sendo um pássaro que não um qualquer. Sendo, especificamente, aquele pássaro que ele não vira tantas vezes quando contara vários no céu; o que fazia uma diferença.
Nos dias mais comuns de trabalho, ele era um pássaro, acima de tudo, para ela.
Mesmo que, na verdade, ela não precisasse daquelas asas abertas na sua frente. Ela era um guaxinim, e ele não tinha certeza de que guaxinins e pássaros pudessem conviver harmoniosamente e destruírem, juntos, seus inimigos. Mas na fórmula, em si, dava certo porque, ao final do dia, eles tiravam as máscaras e já não eram pássaro e guaxinim...
Eles eram Neji e Tenten.
Pura e simplesmente os dois, como haviam sido tantas outras vezes. Como foram num treino árduo para se tornarem o que eram agora, e como continuariam sendo futuro afora a cada vez que não precisassem esconder seus rostos e suas identidades.
Mas ele escondia mais que ela, talvez. Ele escondia mais que uma face. Ele sempre escondera, na verdade, independente do quanto havia mudado. Todos os sentimentos de Hyuuga Neji eram lacrados a sete chaves dentro dele, enquanto ela sorria quando queria sorrir e gritava de ódio quando queria gritar.
Certo dia, no final de uma luta, a porção branca de sua máscara era um tom de vermelho escuro com cheiro amargo de sangue. E pouco importava que cheiros não pudessem ser amargos, porque era exatamente assim – e
apenas assim – que lhe era possível explicar aquilo que entupia suas narinas.
Ela tirou a máscara, então, e encarou-o com os olhos de Tenten, não de guaxinim. Quando ele lhe perguntou, sem dizer uma palavra, o que ela via de tão estranho para permanecer tão fixamente observando-o, Tenten lhe disse, sem rodeios...
... que seus ataques pareciam uma dança.
Neji não perguntou o porquê, mas ela tentou dar um motivo que não fez sentido dentro da cabeça dele. Ela disse que era algo no jeito com que movia seus pés, no jeito com que a técnica de sua família era mortalmente suave.
E completou dizendo que, para ela, ele era um quadro surrealista tomando vida.
Neji tirou a máscara e deixou de ser pássaro mais uma vez.
E quando Neji era Neji, as asas dele estavam fechadas para ela simplesmente porque ele não as tinha mais. Ele a calava com seu silêncio e movia-a com suas ordens não declaradas de que retornassem a Konoha.
Retornando a Konoha, assim, eles retornavam a uma vida que não tinha sangue, não tinha máscaras, não tinha danças e não tinha, especialmente, vôo. Eles voltavam a uma realidade e não a uma mistura de cores e sensações que cada um deles sentia como um uma manifestação artística distinta.
Matar não era a arte; mas fingir, por alguns segundos, que ele era um animal sem nome, era.
A cada vez que lutavam juntos, então, daquele dia em diante, Tenten posicionava-se com a face de guaxinim, abria os braços em recepção ao perigo e dizia, em voz alta e provocativa, a ele:
“Dance comigo, Neji”.
Ele acatava sem precisar que ela pedisse duas vezes. E abria suas asas. E dentro delas estava ela, e somente ela, como sempre esteve. Ela num sentido não necessariamente romântico, mas num sentido de que sua vida englobava tanto a dela que ele não poderia pensar em algum momento em que ela não estivesse presente.
Mas isso, de alguma forma, era amor.
Por nenhum instante ele sonorizou isso. Tampouco indicou que era o que ele concluíra naquele tempo todo. Neji sentia o
amor sozinho e para si mesmo. Porque, afinal, o sentimento era dele, e dele não seria de ninguém.
Não deixaria ele de se esconder. E não daria a ela o mau gosto da mudança.
O gosto fétido, por sinal. E pouco importava que gostos não pudessem ser fétidos, porque era exatamente assim – e
apenas assim – que lhe era possível explicar aquilo que entupia sua garganta.
Ele não dizia porque era Neji, e só sendo pássaro que ele abria as asas...
E permitia-se amá-la do seu jeito.
Enquanto ela amava-o como guaxinim e como Tenten. Amava-o não num sentido necessariamente romântico, mas aceitá-lo como seu
parceiro quando ele não era nada além de um pássaro fingido, Neji considerava amor, de alguma forma.
Não que ele fosse o melhor conhecedor do assunto. Ele distinguia, no entanto, no olhar dela, no olhar que era do seu pai, no olhar que era de sua mãe, o mesmo brilho quando eles estavam lhe dando sorrisos sem motivos. Daqueles que simplesmente saíam, de repente, quando o sol estava a pino à tarde.
Neji era um bom observador, e ele sabia que os sorrisos e os brilhos não eram acontecimentos ao acaso.
Assim mesmo, ele nunca retribuiu nenhum. E nunca fora por falta de reciprocidade.
Por tantas vezes que mudara seus conceitos, por ter absorvido as palavras de Naruto e mudado seu comportamento, ele queria estar seguro ao último fio que definia sua personalidade. Perder aquele jeito, perder aquele freio, era como perder-se de si mesmo.
Ele não sabia ser nada além de Neji. E Neji... Neji não voava.
Assim, dias depois daquele final de luta, eles estavam numa nova missão porque a vida dos dois, sendo pássaro e guaxinim, sendo juntos, estava apenas em campos de batalha. Ele preparara o chakra nas mãos, o byakugan nos olhos.
Mas ele não havia enxergado. Por uma vez, apenas, tão crucial. Ela estava no seu ponto fraco, onde as penas de suas asas não a alcançavam, tomando pra ela o direito de, por algum dia, poder ser ela a proteger e não a ser protegida.
E aquele ataque que era para ele foi, então, para ela. O sangue que ele deveria ter cuspido, então, ela cuspiu. O equilíbrio que ele deveria ter perdido, então, ela perdeu. E seu rosto de coleira nunca havia sido tão águia, seus dedos eram tão presas
mortais como garras.
Neji avançou, sem piedade, em um por um. Sem precisar de ajuda, sem se importar com o suor, o cabelo que, às vezes, perdia-se incomodamente na frente de seus olhos. Ele não precisava ver para matar ninguém. Já estava acostumado. Tinha o cheiro amargo em suas narinas e o gosto fétido em sua garganta. As penas manchadas de vermelho.
Parou em instinto. Como se pudesse sentir pelos poros a agora falta de ameaça, a parada da respiração dos inimigos. Como uma leoa que solta a jugular da presa quando percebe que ela não mexe mais.
E, do mesmo modo, a leoa protetora se volta para os filhotes e Neji se voltou para Tenten. Ela estava de joelhos porque era ninja o suficiente para não se deixar cair, embora tremesse e cambaleasse e denunciasse que não tinha forças sobrando para se fazer de invencível. A máscara de guaxinim ainda em seu rosto, ainda cobrindo ela mesma. Havia sido a guaxinim que caíra, e não Tenten.
Então, Neji sentiu a respiração dela mais forte, como se sangue estivesse em seus pulmões e ela não conseguisse brecha para que o ar estivesse em seu lugar. E percebeu-se impotente, naquele instante. Ele não sabia jutsus medicinais, ele não sabia fazer cirurgias cruas, ele não sabia... ele não sabia ao menos o que dizer.
Não seria piegas e fora de si de conseguir deixar de lado sua máscara e pedir que ficasse ali com ele, que fosse forte, que não o deixasse para trás naquele momento. O pássaro que ele era não sabia conviver com nada nem ninguém que não fosse o guaxinim que ela era.
E tampouco Neji saberia conviver com nada nem ninguém que não fosse Tenten.
Assim, ele tirou a máscara de Anbu e jogou-a no chão como se fosse apenas um pedaço de plástico – e era. A dele. A dela. Ele não escondia nada mais, nem ao menos sua face. Ele abriu as asas sendo Neji, finalmente, e disse a única coisa que poderia no momento:
“Dance comigo, Tenten”.
Ela deu um sorriso fraco, compreensivo, divertido, com um brilho nos olhos.
E Neji retribuiu.


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